Publicado em 21.03.2020 - Categoria: Bem-estar, Esporte, Fisioterapia, Novidades, Saúde

Fascite Plantar – como cuidar?

Fascite Plantar – como cuidar?

Você sente dor nos pés durante seus primeiros passos pela manhã ou após períodos prolongados de descanso? 

Nossos pés são a base de apoio e equilíbrio do nosso corpo e mesmo assim tendemos a não cuidar tão bem dessa articulação.

A dor encontrada na parte inferior do pé perto do calcanhar é comumente conhecida como fascite plantar (FP). Esta é a lesão mais comum do pé tratada pelos profissionais de saúde. Estima-se que a FP ocorra em aproximadamente 2 milhões de americanos a cada ano e afete até 10% da população ao longo da vida.


🦶Você deveria colocar gelo? Fazer Massagem? Exercício?
🦶Você precisa de palmilhas?
🦶Quais são as melhores opções de tratamento?

A fáscia plantar é um tecido conjuntivo denso, fibroso, intimamente ligado ao calcanhar, dedos dos pés e a muitos dos músculos e estruturas circundantes na planta do pé.

Fonte: Internet

Sintomas

A principal característica da FP é a dor na região inferior do calcanhar medialmente, mais perceptível nos primeiros passos após um período de inatividade, mas também piora após o prolongamento de atividades de  sustentação do próprio peso e muitas vezes iniciada por um aumento recente na atividade física. A dor pode reduzir após dar mais alguns passos ou realizar atividades leves, mas retorna repetidamente com atividades físicas prolongadas.

Fonte: Internet

O principal problema na FP é a dor no calcanhar durante atividades de sustentação de peso, principalmente a caminhada/ corrida, funções essenciais da vida esportiva, como se estivessem pisando sobre taxinhas. Os problemas de locomoção acarretados pela dor podem resultar em restrições de função e mudança de padrões de movimento para evitar ou minimizar a dor.Estas alterações podem ser evitar de pisar igual com os dois pés, diminuições significativas na cadência, velocidade da marcha, comprimento da passada e aumentos no tempo da passada.

Fonte: Internet

Executar um movimento de maneira incorreta faz com que o sistema músculo-esquelético gaste muito mais energia, pois o movimento incorreto altera o padrão de ativação muscular, hiperativando certos músculos, o que consequentemente provoca neles um aumento do gasto energético para executar um gestual esportivo. O excesso de energia gasta para realizar uma tarefa gera uma fadiga muscular excessiva, o que, concomitantemente, leva a uma piora ainda maior no padrão de movimento, já que um músculo cansado (fadigado) não consegue sustentar um movimento correto, resultando em um aumento de chance de se acontecer uma lesão.

Fatores de Risco

De acordo com a revisão de literatura feita pelo autor Martin em 2014, os principais fatores de risco para se adquirir FP são:

  • elevado índice de massa corporal;
  • limitada amplitude de movimento de Dorsiflexão;
  • aumento abrupto da carga/ volume de treinamento.

Tratamento/ Prevenção

As formas de tratamento, citadas pelo mesmo autor (Martin, 2014) de melhor evidência científica na literatura são:

Terapia Manual/ Liberação Miofascial

Terapia manual, consistindo em mobilização articular e de tecidos moles, com o intuito de melhorar a mobilidade articular das extremidades inferiores e flexibilidade da panturrilha, deve ser recomendada para diminuir a dor e melhorar a função.

Exemplo de liberação miofascial, com propósito de melhorar a mobilidade do pé de forma aguda.

Alongamento

O alongamento específico da fáscia plantar e panturrilha deve ser usado para proporcionar alívio da dor a curto prazo (1 semana a 4 meses). A dosagem para os alongamentos podem ser 3 vezes ao dia ou 2 vezes ao dia, utilizando um tempo de alongamento prolongado (3 minutos) ou intermitente (20 segundos), com o mesmo resultado entre as duas formas.

Alongamento passivo da musculatura intrínseca do pé.

Taping

Deve-se usar taping antipronação para redução imediata da dor (até 3 semanas) e função melhorada. Além disso, pode ser usado tape elástico aplicado ao gastrocnêmio e à fáscia plantar para reduzir a dor a curto prazo (1 semana).

Fonte: internet. Taping rígido antipronação.

 

Fonte: Internet. Bandagem elástica para panturrilha e planta do pé.

Palmilhas

O uso de palmilhas para os pés, pré-fabricadas ou personalizadas para apoiar o arco longitudinal medial e amortecer o calcanhar para reduzir a dor e melhorar a função por curto (2 semanas) a longo prazo (1 ano), especialmente naqueles indivíduos que respondem positivamente às técnicas de taping antipronação.

Órteses para dormir (casos agudos)

Usar de 1 a 3 meses talas noturnas, principalmente para aqueles que apresentam dor persistente nos primeiros passos da manhã.

Fonte: Internet. Exemplo de tala noturna.

Reforço Muscular/ Melhora do Padrão de Movimento Panturrilha e musculatura intrínseca do pé

A realização de exercícios de fortalecimento e treinamento de movimento para músculos que controlam a pronação (musculatura intrínseca do pé, tornozelo e do complexo lombar-pelve-quadril) é interessante para melhorar a qualidade de movimento, minimizando as tensões provenientes de movimentos compensatórios.

Estes exercícios tem como objetivos:

  • Melhorar a capacidade dos tecidos de suportar o estresse imposto sobre eles no dia a dia e nos treinos, ou seja, deixar o pé mais forte para tolerar os treinos. Uma dica interessante, além de realizar dentro do treino/prevenção exercícios específicos para o pé, seria também realizar alguns exercícios sem tênis (sempre com cuidado para não se machucar), pois ficar descalço exige mais controle e forca pela musculatura dos pés. Desta forma, fortalecendo as estruturas desta região.
  • Melhorar a qualidade dos movimentos, já que movimentos corretos tem menor chances de serem causas de lesão. Assim, não somente o treino de musculação é importante, como também, a qualidade que se está treinando.

Exemplo de exercícios variando a pisada, para assim variar o estímulo das tensões impostas pelo treino.

Uso de uma toalha impõe mais tensão na musculatura intrínseca do pé durante este exercício.

 

Referências:
  • MARTIN, Robroy L. et al. Heel pain—plantar fasciitis: revision 2014. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 44, n. 11, p. A1-A33, 2014.
  • THONG-ON, Suthasinee et al. Effects of Strengthening and Stretching Exercises on the Temporospatial Gait Parameters in Patients With Plantar Fasciitis: A Randomized Controlled Trial. Annals of Rehabilitation Medicine, v. 43, n. 6, p. 662-676, 2019.

Compartilhar